A gestão financeira de uma organização é influenciada diretamente pelas práticas de controle de estoque, mesmo que esta área seja tradicionalmente controlada e operada pela supervisão logística em indústrias, comércios e empresas. Por isso, a administração financeira compreende uma função dupla de planejamento e controle dos estoques e é fundamental no processo de formulação das políticas operacionais de estocagem.

Planejamento
Os estoques são resultados de um investimento complexo de elevado risco financeiro, cujas falhas podem gerar grandes prejuízos. O fator principal que determina o volume dos estoques mantidos por uma empresa é a projeção do seu volume de vendas. Esta projeção poderá alcançar um mês, um trimestre ou período mais longo, dependendo da imediata disponibilidade dos itens componentes dos estoques, da duração do ciclo de produção e dos hábitos de compra dos clientes.

Os gestores devem evitar os casos extremos de excesso ou escassez de produtos em estoque. Grandes quantidades dão lentidão ao giro dos ativos, o que reduz a rentabilidade da empresa. De forma parecida, quantidades baixas de estoques podem trazer sérios riscos e prejuízos, como a incapacidade de atender demandas e a perda da participação de mercado para a concorrência. Devido a isto, em geral, as empresas costumam manter determinado volume estocado acima de suas necessidades normais (denominado estoque de segurança) para prevenir certos imprevistos, como aumentos inesperados de demanda ou problemas técnicos prolongados durante a produção.

Controle de estoques
Os estoques são compostos por três principais subgrupos: matérias-primas; bens em processamento; e bens finais. O equilíbrio destes três segmentos de estoque é primordial para um bom planejamento financeiro da empresa, pois potencializa lucros e reduz prejuízos. Aliadas aos sistemas de controle, algumas práticas de gestão também são muito importantes para a manutenção de um bom estoque, como padronização e organização, inventário de itens, gestão de pessoas, auditoria, controle de perdas e balanço de entradas e saídas. Além da gestão dos estoques existentes, o administrador financeiro também deverá calcular o custo do financiamento de um estoque programado, isto é, o custo de compras planejadas para o futuro. Para estes objetivos, existem os sistemas de controle de estoque. Entre os mais tradicionais estão:

Sistema ABC: neste método as letras A, B e C representam grupos de itens do estoque em relação ao valor total de investimentos feitos, sendo:

A: poucos produtos que concentram a maior parte dos investimentos.
B: uma quantidade de itens um pouco menor e com um pouco menos de representatividade que os itens do grupo A.
C: uma grande quantidade de itens, mas que não representam muito valor investido.

Esta relação é derivada o princípio de Pareto, que percebeu que a maior parte dos investimentos em uma sociedade estão concentrados nas mãos de poucos, ou seja, “80% dos efeitos são originados por apenas 20% das causas”.

Lote econômico de compra (LEC): é fórmula matemática que determina a quantidade a ser comprada de um produto minimizando os custos de estocagem. Para isso, são considerados os custos operacionais e financeiros gerados pela compra de um produto. Estes custos tornam-se cada vez mais elevados quanto maior for o período entre o momento da compra de matéria-prima e a venda do produto final.

Vale lembrar da célebre frase de Michel Bergerac, que foi presidente da Revlon: “Todo o erro gerencial acaba em estoque”. Ou seja, a gestão de estoque é uma parte fundamental de todo o processo de gerenciamento de uma empresa. Desta forma, está diretamente relacionada ao sucesso do negócio e precisa estar alinhada com o controle financeiro.

 

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